- Alex Reissler
- 29 de agosto de 2023, às 08:00
Para muitos Gestores de TI, o cenário é frustrantemente comum: a diretoria aprova o projeto de cloud migration com a promessa de agilidade, escalabilidade e redução de custos. A migração é executada – geralmente usando a rota mais rápida, o "Lift & Shift" – e, semanas depois, os problemas começam.
O sistema fica mais lento do que no servidor físico. O bill (a fatura) da nuvem vem mais alto que o esperado. A equipe técnica se vê gerenciando uma VM cara que entrega performance medíocre.
Bem-vindo à maior armadilha da migração: acreditar que um servidor na nuvem é apenas um servidor físico em outro endereço de IP. Neste artigo, vamos dissecar tecnicamente por que o "Lift & Shift" pode ser seu maior inimigo e qual a abordagem correta para garantir a performance.
O "Lift & Shift", ou Rehosting, é a estratégia de migração mais básica. Literalmente, significa "levantar e mover".
Na prática, consiste em fazer uma cópia P2V (Physical-to-Virtual) ou V2V (Virtual-to-Virtual) da sua máquina atual – com seu sistema operacional, aplicações e dados – e "colá-la" em uma Instância Cloud (VM) em um provedor como a Macromind.
Velocidade: É a forma mais rápida de "desligar um Data Center" e cumprir um deadline.
Baixo Esforço (Aparente): Não exige reescrever código ou alterar a lógica da aplicação.
Compatibilidade: A aplicação nem "percebe" que mudou de ambiente.
Parece ideal, certo? O problema é que você não move apenas a aplicação; você move todos os seus problemas de arquitetura junto com ela.
A maioria das aplicações legadas (como sistemas de RH ou CRMs on-premise) foi desenhada como um Monólito. Pense nela como um bloco único e maciço: a interface de usuário, as regras de negócio e o acesso ao banco de dados estão todos acoplados, rodando no mesmo processo ou servidor.
Essas aplicações foram otimizadas para um ambiente específico: um servidor físico superprovisionado (com muito mais CPU e RAM do que o necessário) conectado a um Storage (SAN) de alta velocidade por uma rede de latência baixíssima (
Quando você move esse Monólito para a nuvem, você cria três gargalos técnicos imediatos:
O Gargalo de I/O (Disco): Seu Monólito é "faminto" por IOPS (Operações de I/O por Segundo). Storage em nuvem (mesmo SSDs) possui características de performance diferentes de um SAN local dedicado. Sem uma configuração correta (ex: discos NVMe de alta performance), sua aplicação vai "engasgar" ao tentar ler e escrever no disco.
O Gargalo de Rede (Latência): Se você separa o Servidor de Aplicação do Servidor de Banco de Dados em VMs diferentes na nuvem, a latência de rede (o tempo de comunicação entre eles) pode saltar de <1ms para 5ms ou 10ms. Para uma aplicação que faz milhares de queries por segundo, isso é fatal e resulta em lentidão extrema para o usuário final.
O Gargalo de Escala (O Custo): A grande promessa da nuvem é a escalabilidade horizontal (elástica) – se você tem muitos acessos, a nuvem cria novas VMs (S2, S3, S4) e o Load Balancer distribui o tráfego.
Mas um Monólito não escala horizontalmente.
A única forma de dar mais performance a ele é a escalabilidade vertical: aumentar a VM (mais vCPUs, mais RAM). Você acaba pagando por uma instância "gigante" e caríssima (o equivalente ao seu antigo servidor físico superprovisionado), perdendo toda a vantagem financeira da nuvem.
Basicamente, o "Lift & Shift" puro troca um CAPEX (compra de servidor) por um OPEX (mensalidade da nuvem) altíssimo, sem ganho real de performance.
A migração bem-sucedida não é um evento, é um processo de análise de arquitetura. É aqui que separamos "hosting" de "engenharia de nuvem". As duas principais alternativas ao "Lift & Shift" puro são:
O "Replatforming" é o meio-termo inteligente. Você move a aplicação (o core dela) quase intacta, mas substitui componentes de infraestrutura por serviços gerenciados (PaaS - Plataforma como Serviço).
Exemplo Técnico: Em vez de migrar sua VM com Windows Server E o SQL Server instalado, você migra a VM do Windows Server, mas aponta o banco de dados dela para um "Banco de Dados como Serviço" (PaaS) gerenciado pelo provedor.
O Ganho: Você elimina o trabalho de gerenciar o S.O. do banco, backups, patching e otimiza a performance do banco drasticamente, pois ele roda em uma infraestrutura feita para isso.
Aqui está o "nirvana" da nuvem. "Refactoring" significa reescrever ou modificar partes significativas da aplicação para que ela seja "Cloud-Native" (Nativa da Nuvem).
Exemplo Técnico: Você quebra aquele Monólito. O "Serviço de Login" vira um microsserviço. O "Serviço de Faturamento" vira outro. O "Serviço de Relatórios" vira um terceiro.
O Ganho: Agora, sua aplicação pode escalar de forma granular. Se os relatórios estão lentos, você escala apenas o microsserviço de relatórios, sem tocar no resto da aplicação. Você usa Load Balancers para escalar horizontalmente (criando mais instâncias pequenas e baratas) para lidar com picos, e as desliga depois. O custo cai e a performance voa.
A Abordagem Macromind: A Estratégia "Depende".
Na Macromind, nosso papel como consultoria em servidores e virtualização é analisar sua infraestrutura e aplicação antes da migração.
Cenário 1: Seu ERP Legado (TOTVS, SAP B1, etc.) Você não tem acesso ao código-fonte. O Refactoring é impossível. Aqui, um "Lift & Shift" otimizado é a solução. Não vamos apenas "copiar" a VM; vamos alocá-la em Instâncias Otimizadas com storage NVMe de altíssimo IOPS, garantir a menor latência de rede e configurar a VPN corporativa correta para mitigar os gargalos do Monólito.
Cenário 2: Seu E-commerce ou API customizada Essa aplicação precisa de elasticidade (pense na Black Friday). Um "Lift & Shift" puro aqui seria um desastre. Vamos recomendar o Replatforming (movendo o BD para um PaaS) ou um Refactoring (usando Load Balancers e escalabilidade horizontal) para garantir que seu site suporte picos de tráfego sem lentidão e sem custos exorbitantes.
A nuvem não é um destino; é um modelo operacional. Mover-se para ela sem uma estratégia de arquitetura é apenas alugar o Data Center de outra pessoa para hospedar seus problemas antigos.
O "Lift & Shift" pode ser um primeiro passo rápido em uma emergência, mas nunca deve ser a estratégia final. O verdadeiro TCO (Custo Total de Propriedade) da nuvem só é reduzido quando a performance e a elasticidade são desbloqueadas.
Sua infraestrutura atual está pronta para a nuvem, ou você vai apenas "copiar e colar" seus gargalos para um novo ambiente?
Antes de migrar, faça uma análise de arquitetura. A Macromind oferece uma consultoria especializada para desenhar o plano de migração ideal (seja Lift & Shift, Replatforming ou Refactoring) para suas aplicações.
Agende uma análise de arquitetura com nossos especialistas.