- Maria Paiola
- 26 de junho de 2024, às 08:24
Existe um cenário frustrante e recorrente na gestão de infraestrutura de TI: o banco de dados (seja PostgreSQL, SQL Server ou Oracle) apresenta lentidão crítica em horários de pico. O time técnico analisa o monitoramento, nota que a memória está no limite e decide dobrar a RAM e os vCPUs da instância.
A fatura da nuvem dobra, mas a performance melhora de forma marginal — ou nada.
Por que isso acontece? Porque, na maioria dos casos de aplicações transacionais (OLTP), o gargalo não é computacional (Compute Bound), mas sim de armazenamento (I/O Bound).
Neste artigo, vamos ignorar as soluções superficiais e focar na engenharia de disco: a relação crítica entre IOPS, Latência e Throughput que define a velocidade real da sua aplicação.
Para um DBA ou SysAdmin, tratar "disco" apenas como "espaço de armazenamento" é um erro fatal. A performance de um disco é medida por três vetores:
IOPS (Input/Output Operations Per Second): É a quantidade de "pedidos" de leitura ou escrita que o disco consegue processar por segundo. É vital para bancos de dados com muitas transações pequenas e aleatórias.
Throughput (Taxa de Transferência): É o volume de dados trafegados (MB/s). Importante para backups ou queries que escaneiam tabelas inteiras (Full Table Scan).
Latência: É o tempo que o disco leva para responder a um pedido.
O problema clássico do "Upgrade de RAM que não funciona" ocorre porque a CPU processa a requisição em nanossegundos, mas precisa esperar milissegundos para o disco gravar o dado. Esse tempo ocioso da CPU é registrado no Linux como %iowait. Se o seu servidor tem CPU sobrando, mas o iowait está alto, seu disco é o gargalo.
Em provedores de Hyperscale (Nuvens Públicas), o armazenamento (Block Storage) é geralmente entregue via rede e compartilhado em grandes storages físicos.
Mesmo que você contrate uma instância com "IOPS Provisionados", você está sujeito ao efeito Noisy Neighbor (Vizinho Barulhento). Se outro cliente, que compartilha o mesmo hardware físico que você, iniciar uma operação massiva de dados, a latência do seu disco pode oscilar. Para um banco de dados, uma variação de 2ms para 10ms na latência de escrita pode significar o travamento da aplicação na ponta do usuário.
A abordagem de consultoria da Macromind foca na previsibilidade. Para cargas de trabalho críticas de banco de dados, a solução não é apenas "adicionar mais disco", mas mudar a tecnologia do disco.
Utilizamos arquiteturas baseadas em NVMe Enterprise, que oferecem filas de comando paralelas muito superiores aos SSDs SATA/SAS tradicionais. Além disso, ao desenhar o ambiente em nossa Nuvem Privada, garantimos o isolamento de recursos. Isso significa que o IOPS contratado é o IOPS entregue, sem flutuação causada por vizinhos.
Hardware robusto é apenas metade da equação. A outra metade é a configuração. Muitas vezes, a lentidão persiste porque o tuning do banco de dados não acompanha o hardware. Parâmetros como effective_cache_size, random_page_cost (no Postgres) ou o paralelismo do SQL Server precisam ser ajustados para "entender" que estão rodando sobre um storage de alta velocidade.
Não tente resolver problemas de I/O jogando memória RAM na infraestrutura. É uma solução cara e ineficiente. A performance real vem do equilíbrio entre capacidade de processamento e velocidade de gravação. Antes de assinar um novo contrato de upgrade, verifique seu iowait.
Pare de gastar orçamento com recursos que não resolvem o gargalo. É hora de uma análise técnica profunda.
Conte com o serviço de Instalação e Configuração de Servidores da Macromind. Nossos especialistas irão dimensionar o storage correto e realizar o tuning fino do seu ambiente para garantir a máxima performance transacional.